Morreu ontem (12/11/2018) aos 95 anos, Stan Lee. Ele foi roteirista e editor da Marvel Comics, considerada a maior editora de histórias em quadrinhos do mundo. Como fã de quadrinhos, eu não poderia deixar de fazer um paralelo entre o mundo corporativo e dos super-heróis.
Super-herói corporativo toda empresa tem pelo
menos um, e se não tem, almeja ter. O que elas não sabem, ou fazem questão de ignorar,
é que eles também atuam como super-vilões.
Vamos aos fatos:
Seu personagem é selvagem e obstinado, parte para a ação sem
pensar ou planejar.
·
Lado herói: Está sempre
pronto para enfrentar qualquer desafio, é incansável para cumprir objetivos.
Não teme fracassos e se recupera rápido de ações malsucedidas.
·
Lado vilão: Não
planeja, age por intuição e lhe falta diplomacia. Ele destrói a sinergia do time.
Seu personagem é silencioso, sábio, observador e atento.
Prefere pensar muito e não parte para a ação sem um plano bem traçado.
·
Lado herói: É um planejador talentoso, sempre tem um
plano B, e domínio sobre o que ocorre à sua volta.
·
Lado vilão:
Não vende muito bem e não delega tarefas.
Seu personagem é diplomata e altruísta. É um ótimo líder e tem capacidade de fazer equipes inteiras o seguir.
·
Lado herói: Persuasivo e carismático ao extremo,
também é educado e comunicativo, se vende muito bem, o que o ajuda a resolver
as situações sem brigas ou estresse.
·
Lado vilão: Por pensar demais nos outros, acaba
absorvendo problemas que não deveria; e, por ter imagem de muito bonzinho,
outros tentam tirar vantagem dele, e quase sempre conseguem.
Seu
personagem faz tudo ao mesmo tempo, com rapidez e eficiência.
· Lado herói: Rápido e de pensamento veloz, é capaz de
executar várias tarefas ao mesmo tempo. Perfeito para tarefas operacionais.
· Lado vilão: Por executar várias tarefas, tende ao
estresse e à fadiga com muito mais rapidez. Preza mais a velocidade do que a
qualidade.
Seu personagem tem a tecnologia como melhor amiga. É capaz de
operar qualquer tecnologia. Ele se tornou muito valorizado nos tempos modernos.
·
Lado herói: Aprende e
opera qualquer tecnologia com facilidade, e consegue disseminar o conhecimento
entre os pares.
· Lado vilão:
Muito introspectivo, se dá melhor com a tecnologia do que com
as pessoas. Quase sempre é incompreendido. Sua falta de vida social influencia
negativamente sua produtividade.
Seu personagem é muito jovem, porém esforçado, fiel e dedicado, ele tem
várias ocupações e interesses, divide sua atenção entre eles e tenta (ainda que
em vão) levar uma vida pessoal regular.
· Lado herói: É ágil e flexível, com
grande capacidade de adaptação a várias funções.
·
Lado vilão: Ainda imaturo, muitas vezes comete deslizes que comprometem
um melhor resultado; e, vive cansado por não focar em suas tarefas ou não saber
dividir o tempo.
Se
esses personagens não fossem carismáticos e poderosos, certamente as empresas
não teriam interesse neles. E quando conhecemos seu lado vilão até dá para
fazermos adaptações e convivermos em perfeita harmonia com eles.
Entretanto,
super-herói é um ser raro, não dá para colocarmos donzelas em perigo e esperar
que eles apareçam. Afinal estão ocupados com suas tarefas corporativas.
Mas
podemos fazer o que os vilões dos quadrinhos fazem, armam-se de tecnologia e inteligência;
e, dão trabalho aos super-heróis.
Imaginem
se eles utilizassem esse arsenal para a construção de algo bom e significativo para
as empresas?
Pois
bem, vivemos na melhor época para cooptar tecnologia e inteligência em pró de empresas
desprovidas de super-heróis. Isso tem até nome, chama-se transformação digital.
Parece-se
com a ficção dos quadrinhos, mas é bem real e acessível. Na verdade, enquanto
você lê este post, já existem empresas, talvez até no universo da sua
concorrência, usufruindo dos benefícios que ela proporciona.
Não
quero apavorá-lo nem ser portadora de más notícias, mas se sua concorrência
ficar muito à frente neste quesito, quando sua empresa tentar reagir e correr a
atrás do prejuízo será tarde.
Eu
sei parece apocalítico, e talvez seja para sua empresa. Ela não tem mais do que
2 anos para se mobilizar. E você deve saber que no mundo corporativo é pouco
tempo para uma mobilização dessa natureza.
– Krika, como assim? Esse termo apareceu
ontem e já é uma agenda importante?
Na
verdade, o termo pode ser recente, mas a transformação já vinha acontecendo há mais
de duas décadas, ela foi gradual, recebeu vários nomes: reengenharia,
automação, melhoria de processos e assim por diante.
Sua
empresa desprezou todos os chamados e agora, sinto lhe informar, tornou-se importante
e, por que não dizer, urgente. É do tipo “adapte-se ou morra”.
– Krika, posso adquirir as tecnologias mais importantes do momento e já estou na era da transformação digital?
Não
funciona assim. Sua empresa precisa de um embasamento, senão ela perde a
identidade e até a clientela. É preciso avaliar o que ela tem de melhor, o que
deve ser eliminado e o que deve ser melhorado.
A
partir daí sua empresa fará as adaptações de forma consciente e produtiva.
Possivelmente, terá que passar por uma revisão do capital humano, para
desbloquear seu potencial, ou seja, seu time precisa adaptar-se aos processos
transformados e às tecnologias envolvidas. Dentre seus colaboradores devem ser selecionados
facilitadores, que ajudarão em todas as fases da transformação.
Se
sua empresa não está habituada com a análise e comparação de indicadores, terá
que se habituar, pois a transformação digital vai trazer mais dados e insights,
e de nada servem se não forem analisados e usados nas tomadas de decisões. Só assim
sua empresa atingirá maturidade suficiente para colher os frutos da transformação.
– Ok, Krika! E como minha empresa começa
na transformação digital?
Mapeando
seus processos, analisando gaps (lacunas), falhas, gargalos e oportunidades de
melhoria. Considere seu parque tecnológico pré-existente, não recomece do zero,
sua empresa tem história e sistemas que funcionam, tenha em mente a melhoria e
a sustentabilidade.
Com
um mapa das deficiências e determinadas as aspirações de melhoria, busque tecnologias
que possam agregar benefícios e se harmonizem com seu parque tecnológico.
Se
ele estiver muito obsoleto, crie um ponto de ruptura, ou trabalhe com sistemas
paralelos, um atuando daqui para frente e outro até o momento de ruptura.
Trabalhe
sempre com a ideia de não prejudicar os clientes já conquistados. Programe as
mudanças de forma gradual e faça pilotos. É mais eficiente sua empresa negociar
com um cliente, aplicar o piloto nesse cliente-parceiro e se der certo aplicar
para os demais clientes.
A
transformação digital, se aplicada da forma correta, dará à sua empresa superpoderes.
Ela não dependerá de super-heróis, já que os superpoderes serão algo comum e
corriqueiro por todas as salas e corredores da empresa. Isso que eu chamo de um
gancho de direita[*] matador na concorrência! «
Nota: [*] Gancho de direita, no boxe e kickboxing, é um soco frontal, curto e incisivo, dirigido de baixo para cima, visando
geralmente o queixo ou o abdômen do adversário, e que é desferido com o braço
dobrado de forma a descrever um arco.