terça-feira, 13 de novembro de 2018

Super-heróis Corporativos: Em busca da Transformação Digital


 Morreu ontem (12/11/2018) aos 95 anos, Stan Lee. Ele foi roteirista e editor da Marvel Comics, considerada a maior editora de histórias em quadrinhos do mundo. Como fã de quadrinhos, eu não poderia deixar de fazer um paralelo entre o mundo corporativo e dos super-heróis.



Super-herói corporativo toda empresa tem pelo menos um, e se não tem, almeja ter. O que elas não sabem, ou fazem questão de ignorar, é que eles também atuam como super-vilões.

Vamos aos fatos:

Seu personagem é selvagem e obstinado, parte para a ação sem pensar ou planejar.
·       Lado herói: Está sempre pronto para enfrentar qualquer desafio, é incansável para cumprir objetivos. Não teme fracassos e se recupera rápido de ações malsucedidas.
·       Lado vilão: Não planeja, age por intuição e lhe falta diplomacia. Ele destrói a sinergia do time.

Seu personagem é silencioso, sábio, observador e atento. Prefere pensar muito e não parte para a ação sem um plano bem traçado.
·       Lado herói: É um planejador talentoso, sempre tem um plano B, e domínio sobre o que ocorre à sua volta.
·       Lado vilão: Não vende muito bem e não delega tarefas.

Seu personagem é diplomata e altruísta. É um ótimo líder e tem capacidade de fazer equipes inteiras o seguir.
·       Lado herói: Persuasivo e carismático ao extremo, também é educado e comunicativo, se vende muito bem, o que o ajuda a resolver as situações sem brigas ou estresse.
·       Lado vilão: Por pensar demais nos outros, acaba absorvendo problemas que não deveria; e, por ter imagem de muito bonzinho, outros tentam tirar vantagem dele, e quase sempre conseguem.

Seu personagem faz tudo ao mesmo tempo, com rapidez e eficiência.
·       Lado herói: Rápido e de pensamento veloz, é capaz de executar várias tarefas ao mesmo tempo. Perfeito para tarefas operacionais.
·       Lado vilão: Por executar várias tarefas, tende ao estresse e à fadiga com muito mais rapidez. Preza mais a velocidade do que a qualidade.

Seu personagem tem a tecnologia como melhor amiga. É capaz de operar qualquer tecnologia. Ele se tornou muito valorizado nos tempos modernos.
·       Lado herói: Aprende e opera qualquer tecnologia com facilidade, e consegue disseminar o conhecimento entre os pares.
·       Lado vilão: Muito introspectivo, se dá melhor com a tecnologia do que com as pessoas. Quase sempre é incompreendido. Sua falta de vida social influencia negativamente sua produtividade.

Seu personagem é muito jovem, porém esforçado, fiel e dedicado, ele tem várias ocupações e interesses, divide sua atenção entre eles e tenta (ainda que em vão) levar uma vida pessoal regular.
·       Lado herói: É ágil e flexível, com grande capacidade de adaptação a várias funções.
·       Lado vilão: Ainda imaturo, muitas vezes comete deslizes que comprometem um melhor resultado; e, vive cansado por não focar em suas tarefas ou não saber dividir o tempo.

Se esses personagens não fossem carismáticos e poderosos, certamente as empresas não teriam interesse neles. E quando conhecemos seu lado vilão até dá para fazermos adaptações e convivermos em perfeita harmonia com eles.

Entretanto, super-herói é um ser raro, não dá para colocarmos donzelas em perigo e esperar que eles apareçam. Afinal estão ocupados com suas tarefas corporativas.

Mas podemos fazer o que os vilões dos quadrinhos fazem, armam-se de tecnologia e inteligência; e, dão trabalho aos super-heróis.

Imaginem se eles utilizassem esse arsenal para a construção de algo bom e significativo para as empresas?

Pois bem, vivemos na melhor época para cooptar tecnologia e inteligência em pró de empresas desprovidas de super-heróis. Isso tem até nome, chama-se transformação digital.
 
Preparado para a Transformação Digital?
Imagens: Pixabay

Parece-se com a ficção dos quadrinhos, mas é bem real e acessível. Na verdade, enquanto você lê este post, já existem empresas, talvez até no universo da sua concorrência, usufruindo dos benefícios que ela proporciona.

Não quero apavorá-lo nem ser portadora de más notícias, mas se sua concorrência ficar muito à frente neste quesito, quando sua empresa tentar reagir e correr a atrás do prejuízo será tarde.

Eu sei parece apocalítico, e talvez seja para sua empresa. Ela não tem mais do que 2 anos para se mobilizar. E você deve saber que no mundo corporativo é pouco tempo para uma mobilização dessa natureza.

 Krika, como assim? Esse termo apareceu ontem e já é uma agenda importante?


Na verdade, o termo pode ser recente, mas a transformação já vinha acontecendo há mais de duas décadas, ela foi gradual, recebeu vários nomes: reengenharia, automação, melhoria de processos e assim por diante.

Sua empresa desprezou todos os chamados e agora, sinto lhe informar, tornou-se importante e, por que não dizer, urgente. É do tipo “adapte-se ou morra”.

 Krika, posso adquirir as tecnologias mais importantes do momento e já estou na era da transformação digital?


Não funciona assim. Sua empresa precisa de um embasamento, senão ela perde a identidade e até a clientela. É preciso avaliar o que ela tem de melhor, o que deve ser eliminado e o que deve ser melhorado.

A partir daí sua empresa fará as adaptações de forma consciente e produtiva. Possivelmente, terá que passar por uma revisão do capital humano, para desbloquear seu potencial, ou seja, seu time precisa adaptar-se aos processos transformados e às tecnologias envolvidas. Dentre seus colaboradores devem ser selecionados facilitadores, que ajudarão em todas as fases da transformação.

Se sua empresa não está habituada com a análise e comparação de indicadores, terá que se habituar, pois a transformação digital vai trazer mais dados e insights, e de nada servem se não forem analisados e usados nas tomadas de decisões. Só assim sua empresa atingirá maturidade suficiente para colher os frutos da transformação.

 Ok, Krika! E como minha empresa começa na transformação digital?


Mapeando seus processos, analisando gaps (lacunas), falhas, gargalos e oportunidades de melhoria. Considere seu parque tecnológico pré-existente, não recomece do zero, sua empresa tem história e sistemas que funcionam, tenha em mente a melhoria e a sustentabilidade.

Com um mapa das deficiências e determinadas as aspirações de melhoria, busque tecnologias que possam agregar benefícios e se harmonizem com seu parque tecnológico.

Se ele estiver muito obsoleto, crie um ponto de ruptura, ou trabalhe com sistemas paralelos, um atuando daqui para frente e outro até o momento de ruptura.

Trabalhe sempre com a ideia de não prejudicar os clientes já conquistados. Programe as mudanças de forma gradual e faça pilotos. É mais eficiente sua empresa negociar com um cliente, aplicar o piloto nesse cliente-parceiro e se der certo aplicar para os demais clientes.



A transformação digital, se aplicada da forma correta, dará à sua empresa superpoderes. Ela não dependerá de super-heróis, já que os superpoderes serão algo comum e corriqueiro por todas as salas e corredores da empresa. Isso que eu chamo de um gancho de direita[*] matador na concorrência! «


Nota: [*] Gancho de direita, no boxe e kickboxing, é um soco frontal, curto e incisivo, dirigido de baixo para cima, visando geralmente o queixo ou o abdômen do adversário, e que é desferido com o braço dobrado de forma a descrever um arco.