domingo, 15 de julho de 2012

Gestor do Processo: O empinador de pipas

Para o título, não pude deixar de fazer um trocadilho com o livro “O caçador de pipas” de Khaled Hosseini, quem tiver a oportunidade, leia.

Talvez pelas férias de Julho, que trazem o colorido das pipas para o céu, acordei com as imagens da infância na minha mente.

Quando eu tinha meus sete anos, meu irmão tinha quatro anos, e ele era apaixonado pelas pipas, e manteve essa paixão por toda a infância e pré-adolescência.

Cultivávamos o hábito de deitar na laje e observar o céu, ora decifrando o formato das nuvens, ora contabilizando o maior número de pipas avistadas.

Até o dia que meu irmãozinho tomou gosto por empinar pipas, começou com as capuchetas, primas pobres das pipas, feitas de jornal. Só que meu irmão não sabia fazer as pipas, nosso vizinho nos ensinou. Mas, meu irmão era muito pequeno e sem habilidade, não conseguia fazê-las. Então, obriguei-me a aprender, o vizinho fornecia as varetas de bambu e o papel carbono, e eu fazia as pipas para o meu irmão. Mas o seu sonho era ter uma colorida com papel de seda, uma arraia. Até que juntamos as moedas dos nossos cofrinhos, e fiz a arraia para o meu irmão.

Foi um dos dias mais felizes para ele! No fim do dia, ele pendurava a pipa na parede do quarto, imagino que ela estava sempre presente nos seus sonhos de menino. Mesmo quando ele aprendeu a fazer suas próprias pipas, todo ano nas férias de Julho ele juntava um dinheirinho, comprava as varetas, papel de seda colorido e pedia para eu fazer uma arraia, que tinha por objetivo superar a do ano anterior. Ela voava bela nos céus e no fim das férias ia parar na parede do quarto dele.

Nossa parceria era tão boa que eu tinha toda a habilidade para fazer as pipas, mas não conseguia colocá-las no ar, ao passo que meu irmão sabia como ninguém empiná-las, fazendo acrobacias, e até cortando adversários e mandando-os pelos ares.

Importante dizer que não utilizávamos cerol na linha, essa era a condição de nossa mãe para podermos brincar com as pipas. Nem podíamos correr atrás das pipas perdidas. Portanto, se não queríamos perder a pipa, o melhor era evitar os adversários, ou enfrentarmos aqueles que sabíamos que também não utilizavam cerol.

Crescemos e a tradição se foi, mas hoje percebi que pode ser uma bela analogia para a melhoria contínua nos processos. A cada ano seus processos precisam ser revistos e superar o ano anterior. Para isso sua empresa precisa investir com novos recursos e metas, e você, como analista de processos de negócio, deve estar comprometido com o resultado do processo, assim como a pequena Krika estava comprometida com a alegria de seu irmão.

Onde a empresa deseja estar, são como os desejos mais elaborados que meu irmão assumia a cada ano. De capucheta a pipa de papel carbono, de pipa de papel carbono a arraia colorida.

E após a melhoria, o seu processo precisa ir para um quadro de observação, como a pipa ia para a parede do quarto do meu irmão. Ou seja, não se tem ideia do que melhorar até que se observe e entenda bem como o processo se comporta.



O analista de processos de negócios é como um “fazedor de pipas”, preocupado em aprimorar e criar condições para que a pipa tenha o melhor desempenho com os recursos e conhecimento do “empinador de pipas”, que é o gestor do processo (dono do processo), aquele que vai conduzi-la às alturas, em condições de se sobressair entre as demais pipas, e até cortar alguns adversários. Essa é uma parceria tão boa, quanto àquela entre irmãos. «

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