quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Ética

Não há dia que eu não leia as notícias e não me pergunte: “onde foi parar a ética?”

Vivemos em uma sociedade que perde gradativamente sua dignidade. Pessoas corrompem e são corrompidas pela ganância, que é a mãe da falta de ética. Pessoas não assumem suas responsabilidades e prejudicam o próximo sem pestanejar.

De tal forma que grande parte das pessoas que se dizem éticas, na verdade tomam conta da vida alheia, sem se darem conta de que têm as próprias vidas para cuidar. Ser ético não é controlar o cumprimento da roupa, as crenças ou os amores dos outros.

A palavra ética é de origem grega derivada de ethos, que diz respeito ao costume, aos hábitos dos homens. Teria sido traduzida em latim por mos ou mores (no plural), sendo essa a origem da palavra moral. Uma das possíveis definições de ética seria a de que é uma parte da filosofia (e também pertinente às ciências sociais) que lida com a compreensão das noções e dos princípios que sustentam as bases da moralidade social e da vida individual. Em outras palavras, trata-se de uma reflexão sobre o valor das ações sociais consideradas tanto no âmbito coletivo como no âmbito individual.

Fonte: Ribeiro, Paulo Silvino (26/02/2013). O que é ética? Acesso em 28/01/2015, disponível em Brasil Escola.

Ser ético não é ter um comportamento X ou Y, mas ser responsável por como suas ações afetam o próximo.

Se uma fraude é cometida, alguém será lesado. O fato de cometer o ato secretamente não elimina o resultado, alguém continuará a ser lesado. Uma fraude não é tão diferente de um roubo, sequestro, estupro ou assassinato. Até porque muitas vezes uma fraude pode levar a sociedade a outros crimes. Sempre que uma empresa, um funcionário do setor público ou privado comete uma fraude, algo é roubado da sociedade, e não é apenas dinheiro, saúde, escolaridade, segurança, alimentação e oportunidades. É um bem maior, chamado: DIGNIDADE.

Toda a sociedade está engendrada neste mar de falta de ética, onde as vítimas poderiam ser também os vilões, ou por se omitirem ou por fazerem o mesmo se tivessem a oportunidade.

Recentemente, vimos um exemplo de ética no episódio do massacre ocorrido no jornal francês Charlie Hebdo. Apesar do conteúdo do jornal ter incomodado muitas pessoas, seus jornalistas se mantiveram fiéis a seus princípios: satirizar todos os excessos fossem eles religiosos, políticos ou sociais. Os jornalistas mortos no massacre ou estavam na lista negra dos terroristas ou apoiavam a posição dos seus colegas de trabalho. E os jornalistas que sobreviveram não desistiram dos seus princípios por conta dessa demonstração de violência e ódio extremos. Juntaram os lápis e recorreram a colegas para continuar a publicação.


Defender princípios, crenças e direitos também é ético.

Muitos jornais espalhados pelo mundo preferiram não publicar as charges que incomodavam os grupos radicais, eles se omitiram, inclusive perante o direito que eles sempre defenderam: a liberdade de impressa. Aliás, a impressa não costuma ser muito ética para defender o interesse de quem lhes paga bem. Ela não dá o mesmo tipo de enfoque aos problemas que pretende omitir do grande público.

A ganância sempre financia a falta de ética.


O que fazer? Desistir e aceitar um mundo sem ética? Claro que não, se queremos uma sociedade justa e melhor, temos que defender a ética na nossa casa e na nossa sociedade, isso inclui governos e empresas.

Uma postura ética tem como base o modelo P4: Propósito, Pessoas, Planeta e Probidade.

Propósito, Pessoas, Planeta e Probidade.


·         Propósito: Toda sociedade precisa de um interesse maior do que o lucro imediato. Os lucros são maiores quando há investimento social. Se uma empresa financia uma pesquisa ou se torna parceira de uma determinada instituição de ensino, em um ou mais cursos dos quais carece de mão de obra, ela certamente lucrará com isso em um período de dois anos (quando começam os estágios dos estudantes). Além do lucro maior, a empresa terá gerado renda e melhoria de vida ao seu redor.

·         Pessoas: Pensar no bem estar dos outros nos enobrece, a definição de damas e cavalheiros passa por tornar a vida do próximo agradável. Se são feitos investimentos na qualidade de vida das pessoas, elas ganham autoestima, produzem mais, são mais felizes, atendem melhor e retornam as gentilezas.

·         Planeta: Os ambientalistas discutem há décadas as mudanças climáticas, os governos se escondem atrás do progresso, só para continuarem no poder sem enfrentar longos debates sociais, porque toda medida para o meio ambiente passa por mudança de hábitos e costumes. Acho que quando as pessoas, finalmente, se derem conta de que não têm uma gota de água para beber, e no meio da cidade passam alguns rios que estão poluídos e impróprios para o consumo, será tarde para se manifestarem. Já as empresas que tinham um poder de barganha maior com o governo, e se omitiram para continuar jogando detritos e poluindo os rios, em prol de lucros imediatos, não terão como produzir. Ou seja, só temos este planeta, somos uma população grande (7 bilhões de habitantes), mesmo que parte dessa população já não viva em condições favoráveis, não sobrará muita vida no futuro. Alguns danos já são irreversíveis, outros levarão anos para serem revertidos, portanto não há desculpas para não articularmos mudanças, mesmo que pequenas.

·         Probidade: Honestidade, retidão (vem do latim probus, que significa bom), também poderia ser pureza ou princípios. Probidade é a prática que toda a sociedade devia praticar com mais fervor. O que aconteceria se sempre que você errasse, você assumisse sua responsabilidade? Creio que você tentaria não errar, não iria dirigir depois de ter bebido na balada, não aceitaria namorar um homem ou mulher que o desrespeitasse, não incentivaria o assédio sexual ou moral em sua empresa ou sociedade, não cometeria uma fraude, não jogaria lixo na rua, não prejudicaria um colega de trabalho, não mataria, não poluiria o meio ambiente.

Um mundo sem tantos “eu não sabia” e mais informações seria bem melhor. Pessoas responsáveis são éticas, porque elas SABEM quais são seus papéis na sociedade e respeitam o próximo, como gostariam de ser respeitadas. A falta de ética se vence com empatia: a capacidade de saber se colocar no lugar dos outros.


É difícil ofender o outro, se você se imagina no lugar dele, a não ser que você não tenha nenhuma autoestima. «

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