Os
professores estão em greve há 2 meses, e pouca gente está preocupada com isso. Eu
não estudo na rede pública de ensino, nem tenho filhos na escola, mas essa
greve me preocupa por vários fatores. Ela não está sendo muito noticiada pela
imprensa, as reivindicações dos professores apesar de legítimas estão sendo
ignoradas. Eles denunciam problemas de segurança, infraestrutura, salas de aula
com mais de 40 alunos (em um curso de alfabetização de jovens e adultos foram
matriculados para uma mesma sala 102 alunos), além da falta de condições para o
aprimoramento profissional do professor. Isso sem falar da questão salarial.
Tudo
isso é muito grave, senão agora, em um futuro próximo (5 anos aproximadamente)
vai afetar drasticamente a sociedade. Essa perda até agora de 2 meses no ensino
que já está capenga, não será recuperada em aulas de reforço ou extensão do ano
escolar. Quando eu estava na escola, e havia greves longas, os professores eram
obrigados a cortar matérias mesmo com extensão do ano escolar, porque tanto os
alunos como os professores perderam o fio da meada, é preciso fazer revisão das
matérias para retomar o ritmo.
Quando
esses alunos entrarem no mercado de trabalho, sem saber escrever direito ou
calcular, toda a sociedade será de alguma maneira lesada. Outra coisa é o
descaso com que “A Pátria Educadora” está tratando seus filhos. Não estou
colocando mais essa na conta da presidenta, o problema está nos estados, ou no
sistema como um todo do país que divide responsabilidades, e dá subterfúgios
para negar as crises que o país passa.
Sim,
temos mais do que uma crise. Crise de energia, crise hídrica, crise
educacional, crise de governança pública... e assim vai. Negar essas crises e
agir como se nada estivesse acontecendo, não resolve nada. Criticar também não.
O que podemos fazer como sociedade é manifestar nossa desaprovação e anotar no
caderninho quem está deixando de fazer o quê. O tempo entre as eleições é de 4
anos, no decorrer dele muita coisa fica esquecida, é uma atitude cidadã anotar
e fiscalizar aqueles em que votou para ver se estão fazendo o que prometeram.
Mesmo que o seu candidato escolhido não tenha ganhado as eleições, seu trabalho
não termina, quem quer que seja que foi eleito deve trabalhar pela sociedade e você
faz parte dela, portanto tem todo o direito de exigir seus direitos.
Prometeram-nos
uma Pátria Educadora, de todas as crises pelo menos a educacional deveria ser melhor
tratada, mesmo que o governo federal não consiga agir diretamente nos estados,
acho que cabia à presidente chamar todos os governadores para conversar e
cobrar eficiência, imagino que há um repasse de verbas aos estados para a
educação, cobrá-los do que está sendo feito e os resultados esperados, é perfeitamente
válido.
Não
tolero discursos de partidos apontando o dedo um para o outro, quem quer fazer
algo faz, dizer “eu te disse” além de irritante é contraproducente.
O que
eu como cidadã espero? Que a base governante trabalhe para o país crescer e que
a base de oposição fiscalize, apoiando e rejeitando leis de acordo com o
interesse POPULAR. Medir forças com o governo e depois dizer “eu avisei” é
canalhice. Veja bem, não estou sendo partidária, apenas quero que o interesse
geral da nação seja preservado.
A
classe política precisa entender que professor, bem como todos os outros trabalhadores,
merecem respeito. Se a reivindicações dos professores é abusiva, deixe isso
claro, se há problema de orçamento, faça uma proposta a longo prazo de
melhorias, e sempre CUMPRA o prometido. Se não acordo de longo prazo, pois as
necessidades da categoria vêm se acumulando durante anos, engole o orgulho e
pede ajuda à tal Pátria Educadora, pois o governador zela pelos interesses do
estado, e não pessoal ou partidário.
Candidato
que faz campanha dizendo que governa melhor com candidatos do mesmo partido,
perde o meu voto imediatamente, pois política democrática é multipartidária, e
não deveriam ser os interesses de um partido que norteiam as decisões e sim da
população que votou.
É por
essas e outras que eu sou a favor das mudanças eleitorais em que serão eleitos
os candidatos mais votados e ponto. Isso acaba com a panaceia dos partidos que
botam o terror como facções criminosas, em mensalões para aprovar leis, ou
loteamento dos ministérios.
Além
disso, não quero votar em um candidato e ele levar para o governo outros que
não passaram por minha aprovação.
E sabe
o que é pior? Ouvir o presidente de um partido dizer que se o fulano X ou Y do
partido dele for condenado será expulso do partido. Partido deve sim monitorar
seus membros e se houver fraude comprovada, o partido deveria até indenizar a
sociedade. Se isso acontecesse nenhum partido iria esperar um escândalo estourar,
para depois da comprovação expulsar o membro que claramente alimentou bem o
partido com suas fraudes (volta e meia tem um tesoureiro de partido envolvido).
Os partidos seriam mais exigentes com quem eles aceitam, e fiscalizariam as
ações de seus membros.
Se os
partidos não agem como partidos, mas como facções criminosas, sou totalmente a
favor de enfraquecê-los, como dizem os cientistas políticos de plantão.
Depois
da ditadura os partidos tiveram anos para aprenderem a se comportar e se isso
não aconteceu até agora, não é mantendo esse sistema de votação que eles vão
aprender, contrariando os cientistas políticos eu sou a favor de que sejam
eleitos os candidatos mais votados. No fim das contas votamos em pessoas e não
em partidos.
Voltando
aos professores, a crise educacional já se arrasta há muito tempo. Eu me lembro
muito bem da minha professora de matemática me dando um conselho: “escolha
qualquer profissão, menos professora”. Ela me disse isso porque eu adorava
matemática e gostava de ensinar aos colegas. Ela temia que iludida com meu
fascínio pela matemática eu vivesse a vida difícil de um professor. Quantos possíveis professores morreram por
conselhos como este? Quantos restarão no futuro, se continuarmos tratando
nossos professores com descaso?
Sem
professores não se formam os outros profissionais, portanto não é um problema
apenas do governo, é um problema da sociedade como um todo. «
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