quinta-feira, 26 de março de 2015

Processos de Inovação: uma realidade possível

A criatividade ou inovação não é um golpe de sorte, e sim a aplicação consciente de um talento. Ela é desencadeada sempre que um indivíduo tem a oportunidade de aplicar seu talento, segundo sua visão pessoal, onde os riscos são aceitos, e se tem liberdade para aprender na prática.

Condições consideradas adversas e inusitadas favorecem que o indivíduo se torne criativo, seja por estar entediado, frustrado, com raiva ou se sentir desafiado ele terá necessidade de contestar ou expressar-se. Mas perceba que cultivar a aptidão de criar soluções inovadoras é muito mais importante do que apenas inspirar a criatividade momentânea. Para isso é preciso identificar o talento inato e aprimora-lo.

Para identificar um talento na idade adulta, devemos revisitar nossa infância e descobrir o que amávamos fazer ou brincar quando nossa visão de mundo ainda não era tendenciosa ou estava comprometida. A criatividade requer assumir riscos, como de críticas, rejeição ou de falhar quando se compartilha ideias ou atividades com os outros. O risco é inevitável para ser criativo.

Quando alguém sai da curva do que é considerado comum ou encontra o caminho para ser criativo, tem uma pequena chance de estar certo, pelo menos inicialmente.

Empresas inovadoras incentivam seus colaboradores a assumirem riscos. Portanto, os inovadores não têm medo de falhar ou perder o emprego. Quando as pessoas não têm nada a perder, elas tornam-se abertas para fazer qualquer coisa. Sabemos que muitas das boas ideias surgem quando não estamos procurando por elas. Geralmente, quando queremos ter ideias, não vem nada à mente.

Ter liberdade criativa exige que criemos condições ou cenários para isso, como uma sala de criatividade, por exemplo. Em um ambiente corporativo, a sala de criatividade pode ser a sala de reunião. Cada sala de conferência ou reunião deve conter símbolos de criatividade. As pessoas devem perceber e sentir a criatividade, uma vez que ela é acionada, torna-se contagiante. Aprendemos muito mais, brincando ou praticando. A sala de criatividade pode funcionar como um laboratório para que as pessoas experimentem novas ideias. Naturalmente, a criatividade não se limitará a uma sala, ou momento, pois ela é um processo contínuo.

A experiência engloba os erros cometidos, que se tornam lições aprendidas. Para ser inovador um indivíduo deve estar continuamente à procura de oportunidades e coisas inusitadas, observando os detalhes com curiosidade e maravilhando-se com eles.

Nessa brincadeira e aprendizado, inevitavelmente as ideias são reveladas e tornam-se insumo para a inovação.

Quem disse que a criatividade não está em nossas mãos?


Para qualquer empresa, independentemente do seu tamanho ou setor, a inovação é necessária para seu crescimento e prosperidade. No entanto, como os executivos sabem, inovar a longo prazo, em uma base sustentada pode ser muito difícil, e geralmente determina a diferença entre as empresas líderes de mercado e as "de um único sucesso". É exatamente neste ponto em que aplicada a gestão por processos a inovação se torna uma capacidade duradoura na empresa.

Existem duas formas distintas de inovação: a inovação do modelo de negócios e a inovação tecnológica. Ambas estão intimamente relacionadas com os processos de negócios, e podem, portanto, serem contempladas na gestão por processos, com as seguintes abordagens:
  • Melhoria do desempenho do processo de inovação, apoiando-se em uma abordagem de gestão eficaz, que agrega valor em todo o ciclo de inovação, desde encontrar ideias para avaliação até o lançamento de novos produtos e todas as atividades subsequentes.

Dessa forma, a empresa pode até definir e gerenciar um processo interempresarial para integrar instituições de pesquisa externas, como as universidades, em seu processo de inovação, aumentando assim sua capacidade.
  •  Integração das pessoas dentro da organização ao longo do processo de inovação, definindo exatamente como cada um pode contribuir com mais valor.
  • Gestão dos gatilhos de inovação, dando agilidade à empresa. É sabido que o rigor da gestão por processos ajuda a melhorar a eficiência do processo de inovação, de forma que a empresa seja capaz de traduzir ideias em produtos e lançá-los com maior rapidez.
  • Melhoria da qualidade do processo de inovação, incluindo validações sistematicamente apropriadas, políticas e diretrizes para o processo.
  • Aumento da transparência do processo de inovação, permitindo um alto desempenho e vantagem competitiva. 
Com isso um motor de automação da gestão por processos (BPMS) pode ser utilizado para implementar o processo de inovação como um protótipo realista. Depois que os testes práticos forem concluídos, o mesmo motor pode ser aproveitado para implementar o produto, reutilizando as regras de negócio desenvolvidas e definições de fluxo de trabalho.

Dessa forma, a gestão por processos impulsiona a inovação, muitas empresas tradicionais utilizam a abordagem apenas com base em um projeto para gerenciar as transformações do processo e os esforços de melhoria incremental. No entanto, as empresas inovadoras cada vez mais desenvolvem a capacidade de gestão por processos duradoura, que pode ajudá-las a agregar valor ao negócio de modo contínuo.

Em uma empresa inovadora, o uso da gestão por processos para melhorar o retorno sobre os investimentos em inovação fornece um grande impulso para o crescimento e o alto desempenho dela. Especialmente para as empresas de serviços, como bancos, seguradoras, telecomunicações, fornecedores e varejistas, onde cada novo produto desenvolvido consiste em uma inovação, que pode ser acelerada e melhorada através da gestão por processos, que também ajuda as empresas a perceberem com maior clareza como as mudanças de processo têm impacto sobre o seu desempenho e força competitiva.


Em resumo, seu processo de inovação calcado na gestão por processo ganha maior transparência, agilidade, respeito, qualidade, eficiência, integração interna e externa, além de alto desempenho, de forma contínua, sem oscilações de alta e baixa inovação como observado na maioria das empresas. «

terça-feira, 24 de março de 2015

Solução de Conflitos

Um conflito nada mais é do que um impasse entre duas partes, e a melhor solução está na negociação.

O grande dilema de qualquer conflito está no fato de que as duas partes acreditam ter razão no que desejam e não aceitam ceder.


Foi assim com as duas mães que pleitearam o mesmo filho ao Rei Salomão, e continua assim entre israelenses e palestinos que ainda pleiteiam o mesmo território.

No primeiro pleito, o Rei Salomão sentenciou dividir a criança ao meio, ambas as mães perderiam. Então, uma das mães aceitou a sentença, e a outra abriu mão da criança. Foi quando o rei mudou a sentença dando a criança à mãe que abriu mão dela, pois somente a verdadeira mãe seria capaz de sacrificar seus desejos em razão do bem estar da criança (se não conhece a parábola, leia na Bíblia Online 1Rs 3:16-28).

No segundo pleito, não existe um árbitro em que ambas as partes confiem e respeitem, e, como as duas partes não aceitam ceder só existe a saída da negociação, pela qual o mundo inteiro aguarda com interesse.

Seja no Oriente Médio, na ONU, no Palácio do Governo, na sua empresa ou na sua vida pessoal, na negociação para solução de um conflito não podem ser ignorados os valores e crenças das pessoas para determinar as alternativas.

Numa negociação o mais importante é chegar à uma solução “win-win”, onde ambas as partes saem ganhando. Para isso alguns valores e crenças devem ser considerados na tomada de decisão:

Gerar resultados e não apenas obtê-los


Isso significa que os processos precisam ser melhorados para obter resultados, dessa forma o resultado promove inovações no processo, e proporciona projeções futuras.

É o caso de ensinar a pescar ao invés de dar o peixe. Ao dar o peixe, o resultado de calar a fome de uma pessoa é alcançado, mas só naquele momento; ao passo que se a pessoa aprender a pescar ela nunca mais necessitará que lhe deem o peixe e terá condições de alimentar a si própria e a mais pessoas, ou seja, a solução gera resultado contínuo.

Equilibrar as motivações intrínsecas e extrínsecas, ao invés de dar foco apenas às extrínsecas


A motivação intrínseca de uma pessoa vem da sua alegria de fazer algo, ela é inata e libera a energia para melhorar e inovar os processos.

Já a motivação extrínseca de uma pessoa vem do seu desejo por recompensa ou do medo de punição, por esse motivo dependendo do ambiente de julgamento e policiamento pode até se restringir a motivação intrínseca. É o caso de empresas em que o assédio moral é amplamente praticado ou as regras causam insegurança e desconfiança nos funcionários.

Ambientes mais leves e alegres levam as pessoas a experimentar a motivação intrínseca, bem como as pessoas que realizam as atividades às quais sentem-se adequadas.

Promover a cooperação


Isso significa que se o objetivo não é ganhar, deve-se promover a cooperação ao invés da competição.

Por exemplo, se dois times de futebol jogam entre si, o objetivo é vencer, então a competição faz sentido entre os times. No entanto, dentro de cada time o objetivo é trabalhar em equipe, neste momento a competição dá lugar à cooperação, onde os jogadores compartilham técnicas e aproveitam as habilidades de cada um em táticas de jogo.

É comum nas empresas promover competição entre seus vendedores para melhorar as vendas, o que é uma tática equivocada, pois o objetivo desses vendedores deveria ser de cooperar entre eles, compartilhando dicas e técnicas de venda, e não competir entre eles, sufocando a cooperação e o compartilhamento de informações. Um ambiente competitivo dissolve o espírito de equipe, o que representa um prejuízo enorme para as empresas a longo prazo.

Otimizar o todo e não apenas uma parte


Uma empresa é composta por processos, subprocessos, atividades e principalmente por partes interessadas, algumas partes interessadas são investidores, clientes, funcionários, departamentos, fornecedores, subcontratados, reguladores, a comunidade e o meio ambiente.

Qualquer tentativa de otimizar um desses componentes em detrimento dos demais, corrói seriamente o desempenho geral da empresa. Por exemplo, quando os investidores exigem um enxugamento do quadro de funcionários em um ano lucrativo, ou quando o departamento de marketing exige maiores investimentos que poderiam ser melhor utilizados na melhoria dos produtos.

Boa Negociação: gera resultado, equilibra motivações, promove cooperação, otimiza o todo.

Perceba que esses quatro valores e crenças fornecem uma melhor perspectiva para negociar sobre os conflitos e cria oportunidades para desenvolver soluções "win-win".


Perceba, também, que o pano de fundo está no processo, que nada mais é do que a forma como você, sua empresa, seu governo ou a sociedade em geral produz algo. Se o seu processo é conhecido e melhorado conforme as necessidades e as oportunidades que se apresentam, tendo por base esses quatro valores e crenças, muitos conflitos são evitados. E, quando surgem, são solucionados com muito mais facilidade. Transparência e agilidade, meu caro leitor! «

sexta-feira, 20 de março de 2015

Papel do Analista de Processos na automação

Colocar a automação de processos nas mãos de um desenvolvedor de sistemas é um grande passo para o fracasso do seu projeto de automação.

Não se trata de um sistema de gestão de processos? Por que falharia?

A área de Desenvolvimento de Sistemas, inspirada pelas Fábricas de Software, para ganhar produtividade, com raras exceções, transformou seus analistas de sistemas em meros programadores.

É uma tendência que constatei na prática.

Faça o teste: peça para um analista de sistemas construir um serviço para você (no papel de usuário), se você não especificar até as consistências que ele precisa fazer, ele certamente lhe devolve um serviço que não trata um erro básico, como o de não informar parâmetros. É capaz de você receber um “Hello World!”, ao invés de uma mensagem mais esclarecedora, como “parâmetros não foram informados”.

Veja bem, um usuário comum não tem preocupações com consistências e segurança da informação, se o serviço atualiza base de dados a atenção deve ser redobrada, embora em muitos casos fornecer informação indevida seja muito mais perigoso.

O fato é que por se tratarem de sistemas de gestão de processos (BPMS - Business Process Management System), muitas empresas simplesmente os entregam nas mãos de analistas de sistemas, com o nível de despreparo que mencionei.

Quem conhece um BPMS sabe que ele é baseado em processos, portanto se não forem bem mapeados, o resultado será desastroso.

São poucas as empresas que conseguem implementar um BPMS, por conta desse pequeno detalhe. É como construir uma casa sem um bom projeto, às vezes fica sem estrutura, outras vezes torna-se uma obra interminável, e haja dinheiro gasto em puxadinhos para tornar o lugar habitável.

BPMS? O que é isso?

Um bom especialista em processos pode ajudá-lo a dar o pontapé inicial.

O mapeamento dos processos é realizado pelo Analista de Processos, que deve conhecer bem as regras de negócio envolvidas, e deve ter alinhado com o Gestor do Processo (owner) todos os pontos divergentes, um processo só pode ser automatizado quanto todas as lacunas estiverem resolvidas. Para facilitar o entendimento do gestor, um protótipo das interações do usuário (formulários) deve ser apresentado e validado por ele.

Se o Analista de Processos não tiver as competências necessárias, ou se quiser abrir várias frentes de trabalho, o desenvolvimento pode ficar a cargo de um Analista de Sistemas, que tenha sido instruído pelo Analista de Processos sobre a dinâmica do processo.

No decorrer do desenvolvimento o Analista de Processos deve efetuar testes e avaliações para verificar se o processo está aderente ao seu mapeamento, também deve estar disponível para tirar todas as dúvidas do Analista de Sistemas.

O Gestor do Processo e os envolvidos homologam o processo, e são treinados pelo Analista de Processos para que ele seja colocado em uso (produção).

Creio que ficou claro que o papel do profissional de processos não pode ser dispensado na implementação de um BPMS, como várias empresas tendem a fazer. Sejamos práticos, apesar de todas as inovações a respeito, a TI (Tecnologia da Informação) das empresas ainda se encontra muito distante das necessidades dos usuários para suprir adequadamente esse papel. «