Percebo
que as empresas sabem o que fazer,
mas não como fazer.
Por
este motivo os projetos se acumulam e os prazos dificilmente são cumpridos.
Mesmo
empresas com Escritório de Projetos estabelecidos patinam no cumprimento dos
prazos dos projetos.
O custo
dos atrasos extrapola o orçamento e provoca impactos na estratégia do negócio. Muitas
vezes o atraso em um projeto causa frustrações direta ou indiretamente nos clientes
e expõe suas vulnerabilidades aos concorrentes.
Então por que as empresas não controlam melhor os prazos?
Elas
tentam, é cada vez maior o investimento que se faz em escritórios de projetos e
certificações PMO. O problema é que não basta ter orçamento e recursos é
preciso vender a ideia do projeto.
As
empresas costumam ter seus direcionamentos estratégicos guardados à sete
chaves, quando na verdade quanto mais pessoas na empresa os conhece, melhor é
para o futuro do negócio.
Por que a empresa precisa que o projeto X seja concluído em 10 meses?
As pessoas que
vão trabalhar no projeto precisam saber. Fatalmente essas pessoas têm suas
tarefas diárias às quais elas não podem desprezar, e como elas sabem que o
lucro da empresa vem dessas tarefas, dificilmente elas irão priorizar o
projeto. Por que elas fariam isso? Elas não conhecem as decisões estratégicas que
deram origem ao projeto.
Por outro lado, apenas
compartilhar as decisões estratégicas embutidas do projeto não é suficiente.
Lembra que eu disse que essas pessoas têm atividades rotineiras que também são
importantes para o negócio?
Então podemos terceirizar ou contratar novas pessoas? E desprezar todo o conhecimento interno?
As decisões vão ficando complexas, não é mesmo?
Entretanto, decisões complexas não precisam ser tomadas por apenas uma pessoa. Por que antes de planejar o projeto, não convocar as pessoas que serão envolvidas, expor a estratégia, a necessidade de manter as tarefas diárias, o orçamento disponível e ouvir as sugestões de todos?
As
primeiras decisões colegiadas serão um desafio para todos. A cultura ainda não está
devidamente estabelecida, e as pessoas não estão acostumadas a serem ouvidas,
elas precisam, inclusive, serem provocadas a participarem.
Mas, garanto que os entraves que você descobriria em fase adiantada do projeto,
seriam, dessa maneira, discutidos na fase de planejamento, onde é possível
remontar a estratégia para não incorrer naqueles problemas.
Ter
uma ideia e montar uma estratégia são atos relativamente simples, mas transformá-los
em realidade envolve muito esforço, e esforço coletivo.
Fora
os escravos que trabalharam na construção das pirâmides (que atuavam, digamos,
como "mão de obra terceirizada"), os arquitetos, engenheiros, sacerdotes, generais e coordenadores (súditos do
faraó), sabiam qual a finalidade do empreendimento e o prazo que tinham para
realizá-lo.
Desconfio
que quando foi construída a primeira pirâmide, o faraó Djoser não chamou seu
melhor arquiteto e engenheiro Imhotep e disse: “preciso de um túmulo que caiba todo o meu tesouro, faça-o”.
Acho
que mesmo ele sendo considerado um deus, que não podia ser contrariado, ele tenha
sido mais participativo: “para a minha
vida após a morte, quero acumular vários tesouros, e quero levá-los comigo,
preciso de uma estrutura tão grandiosa quanto o tesouro que acumularei, que
seja um incentivo para meu sucessor, que ele me alcance ou me supere, como podemos fazer isso?”
Depois
de ver várias maquetes, onde o engenheiro e seus auxiliares certamente se esmeraram,
ele gostou daquela que apontava para o deus Rá (Sol), era grandiosa, reluzente
e, sobretudo, diferente de tudo que ser vira até então. Certamente um marco na
história.
Imhotep
lançou mão de vários conhecimentos adquiridos com os sacerdotes do reino junto
com suas próprias descobertas alquímicas para fabricar ari-kats (blocos de
pedra feitos pelo homem), e montar a logística para a construção, que envolveu
esforço de todo o reino. Até os restos das cozinhas iam parar na fabricação dos blocos.
[Assista ao vídeo (espanhol) que conta como
Imhotep construiu a pirâmide de degraus de Sakkara à Parte1 | Parte 2 | Parte 3]
Muitos
destes parceiros de empreendimento inclusive se voluntariavam a serem encerrados
na pirâmide junto com os bens e a múmia do seu faraó, quando fosse chegado o
momento. Eles, literalmente, compraram a ideia do projeto (não se consegue esse
tipo de comprometimento atualmente com muita frequência).
Observe que durante a execução o faraó e seu engenheiro aparecem monitorando a obra. Se até um faraó monitorava seu projeto, creio que não será problema para você fazer o mesmo.
Apesar
de projetos, na sua maioria, bem executados, ironicamente, as pirâmides dos faraós levavam muitos
anos para serem concluídas (praticamente o tempo dos seus reinados).
Atualmente, obras grandiosas do governo que consomem orçamentos milionários,
financiam a corrupção, e apresentam atrasos constantes, são taxadas de obras
faraônicas. Um verdadeiro insulto aos faraós, que mandariam cortar as mãos de
qualquer um que ousasse roubá-los. «
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