sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Empresas que aprendem

As empresas estão preocupadas em absorverem as melhores práticas (CMMI, ITIL, CobiT, SOX, Família ISO, PMI, etc.), mas não em aprendê-las de fato. Para dizer a verdade, se não fosse moda, muitas delas nem dariam crédito a essas práticas.

Empresas que aprendem, não copiam as melhores práticas das outras, quem disse que o concorrente escolheu a melhor prática ou a usa de forma correta?

Em tempos de crise, sobrevivem as empresas que inovam e encontram maneiras alternativas para seguir em frente. Como a maioria das empresas são cópias umas às outras, muitas delas naufragam juntas, pois cometem os mesmos erros.

Peter M. Senge escreveu em 1990 um livro chamado “A Quinta Disciplina”, onde ele defende que as empresas que aprendem deveriam ter 5 disciplinas:
  1. Domínio Pessoal;
  2. Modelos Mentais;
  3. Visão Partilhada;
  4. Aprendizagem em Grupo;
  5. Pensamento Sistêmico.

Domínio Pessoal é a base da empresa que aprende, onde as pessoas experimentariam atitudes criativas e não reativas.
Exercício: Esclareça o que é importante para você e porque está nesse caminho.
No último dia de aula da minha graduação (1994), o professor de psicologia preferiu se despedir com uma citação do livro “A Erva do Diabo” de Carlos Castañeda, que se encaixa perfeitamente nessa disciplina:
“Qualquer caminho é só um caminho e não é ofensa nem a nós mesmos, nem aos demais em deixá-lo, se é isso que o se coração lhe diz. Tente-o, quantas vezes quanto julgar necessário. Então, formule a si mesmo, somente a si mesmo uma pergunta...
Esse caminho tem um coração?
Se o tem, o caminho é bom, se não o tem, não deve ser trilhado.”
Pensar “fora da caixa”, um conceito apresentado em um post anterior complementa essa disciplina.
Lembre-se que uma empresa é formada por pessoas, cada pessoa é capaz de realizar a interação da razão com a intuição, sentir-se ligada ao mundo, preocupando-se inclusive com questões ambientais, ter compaixão e compromisso com o todo.
Modelos Mentais são as “crenças”, idéias, profundamente, arraigadas ou até mesmo imagens que nos ajudam a encarar o mundo e que formam nossas atitudes.
Em geral, cada pessoa que se junta a sua empresa, tem uma trajetória profissional, formada pelas educações acadêmica, familiar e social. Por mais que o nível educacional das pessoas que formam uma empresa seja parecido, eles trazem a experiência pessoal e suas crenças junto. Por muito tempo pediu-se aos profissionais que deixassem suas vidas em casa, mas hoje compreendemos que é impossível proibir que as pessoas se apaixonem, sintam antipatia, não comentem suas vidas pessoais no trabalho. Claro que jamais devemos nos esquecer das noções básicas de etiqueta. Mas aquele profissional só é bom no que faz porque ele tem uma vida, ele tem por quem cantar, dançar, rir e até chorar. Se tirarmos isso dele o que fica?

Por isso, um bom líder contribui com o modelo mental dos outros. É aquela pessoa que nos alimenta com seus conselhos, observações, críticas, sugestões, enfim nos enriquece com seu próprio modelo mental, sem mudar o nosso.
Visão partilhada são objetivo, valor e missão compartilhados com todos os colaboradores da empresa.
Todos sabem responder à pergunta: O que queremos criar?
Todos se sentem co-responsáveis e comprometidos.

Em relação a um objetivo uma pessoa pode ter uma das seguintes atitudes:
  • Comprometimento – fará com que aconteça, criará o que não existir.
  • Participação – fará o que for necessário, dentro do que existe.
  • Obediência genuína – enxergará benefícios, fará o esperado e seguirá o objetivo.
  • Obediência formal – pode enxergar os benefícios, fará o que é esperado e nada mais.
  • Obediência relutante – não enxergará os benefícios, mas não quer perder o emprego, fará porque é obrigada.
  • Desobediência – não enxergará os benefícios e não fará o esperado.
  • Apatia – nem contra nem a favor, não se interessará.
Podemos observar que obediência é muito diferente de comprometimento, e mesmo a obediência genuína não acrescenta muito ao aprendizado da empresa. Ter um objetivo sem o comprometimento de todos pode não ser tão compensador. Pessoas comprometidas têm entusiasmo, se empolgam, e se houver procedimentos burocráticos dentro da empresa que não favoreçam o seu objetivo, elas vão modificá-los, ao passo que quem somente cumpre ordens não vai fazer nada para mudá-los.

Aprendizagem em grupo ocorre por meio de diálogo e discussão, o que geram conflitos. Mesmo que você tenha ao seu comando uma equipe de gênios, não significa que alcançará sucesso. O diálogo precisa ser incentivado.

A figura do líder é importante para ajudar o grupo a analisar com discernimento as questões complexas, cada individuo deve ter consciência de que suas ações complementam as do grupo, não existe o sucesso individual, mas o do grupo, nesse ponto as empresas pecam quando incentivam as disputas, premiando indivíduos que se destacam e não o grupo. Os animais que vivem em bando, caso não estejam fugindo, não abandonam os mais frágeis, eles os ensinam a se protegerem.


Pensamento sistêmico é ver a empresa como pessoas interligadas, é a integração das demais disciplinas. Onde as pessoas são importantes dentro de seu domínio pessoal, têm suas crenças através de modelos mentais, têm uma visão partilhada, ou seja, um objetivo comum, e, a aprendizagem é realiza em grupo. Assim, temos uma empresa que aprende, formada basicamente por pessoas que pensam “fora da caixa”.

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