quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Pense "fora da caixa"

Apesar de começar minha carreira pelo desenvolvimento de sistemas, eu não conseguia aplicar todo o meu potencial criativo. Sempre tive um excelente tino lógico, mas eu sentia que precisava estar mais próxima do usuário, para que ele tivesse prazer em utilizar o sistema que foi desenvolvido, e que esse sistema apresentasse um ganho de qualidade profissional para ele.

Muito antes das tendências apontarem para o profissional que pensa “fora da caixa”, eu já tinha essa necessidade.

Um dos meus primeiros mentores dizia que o “feijão com arroz” resolvia tudo, e que soluções mirabolantes era um desperdício. Entretanto, eu tenho um instinto desbravador, e queria explorar as possibilidades e só então decidir o que e como usar. Tenho um talento especial para juntar técnicas diferentes e descobrir modos novos de executar meu trabalho.

Eu não consigo me concentrar por mais de duas horas em uma mesma tarefa, então me acostumei a intercalá-las, geralmente intercalo com uma atividade de aprendizado, ou seja, procuro descobrir algo novo sobre um aplicativo ou buscar informações sobre novas técnicas ou tendências.

Atualmente, essa busca de conhecimento é muito mais fácil e rápida, antes eu buscava na biblioteca da empresa, hoje eu uso no mecanismo de busca da internet.

Se pensarmos sobre isso, percebemos que a internet provoca revoluções diárias de comportamento. Fala-se em “inclusão digital”, eu falo na “era da colaboração”, onde redes de relacionamento se proliferam, mais e mais pessoas estão se conectando pelos mais diversos interesses.

O que propicia essa interação é o “faça você mesmo”, onde você é atuante o suficiente para contribuir com uma enciclopédia mundial (Wikipédia), criar um blog com a sua cara e relatar suas experiências, sem conhecer o código-fonte usado para construí-lo, ou seja, você apenas se preocupa com o conteúdo.

Com isso, o que as pessoas levariam anos para conhecer, elas conhecem em minutos ou até mesmo segundos.

Eu tive o prazer de ajudar a criar uma Base de Conhecimento para uma empresa pelo conceito “wiki”, que nasceu do primeiro wiki, chamado “WikiWikiWeb”, uma alusão ao WWW de Web Wide World (presente na maioria dos endereços da internet).

Como curiosidade “wiki wiki” em havaiano significa super-rápido. É o mesmo conceito usado em mecanismos como a Wikipédia, onde cada um contribui com informações, de forma simples e rápida, através de uma coleção de documentos em hipertextos.

Muitas empresas investem em Intranets, onde toda informação que é colocada nelas passa por um processo de publicação, muitas vezes complicado e burocrático, dessa forma, as informações não são atualizadas na velocidade em que a empresa precisa delas.

Ao passo que um mecanismo “wiki” é muito mais simples, pois é feito um link diretamente ao documento, uma vez alterado e liberado ele está visível para todos. Acrescentando-se a isso um controle de versionamento, que permite recuperar um documento em qualquer versão que ele teve, além de registrar data, hora, o que foi alterado e quem alterou o documento. Com isso, permitem-se interações entre as pessoas, que passam a dar importância às suas contribuições e se sentirem atuantes, pois seu trabalho ganha visibilidade corporativa. Além do mais, o portal “wiki” pode ser acessado pela intranet ou diretamente.

Nessa empresa, notamos uma mudança de comportamento na maioria das pessoas, pois caíram barreiras entre o conhecimento de um profissional júnior e um sênior, a capacidade de experimentar o conhecimento foi o que passou a diferenciá-los.

Claro que tal mudança provocou algumas reações, esperávamos uma reação de antipatia por parte dos profissionais seniores, para nossa surpresa eles foram os que mais contribuíram, e os mais jovens foram mais resistentes, talvez por estarem na disputa por uma auto-afirmação profissional e temerem não saber exatamente o que fazer com o conhecimento adquirido. Porém, como os mais jovens estão naturalmente predispostos às mudanças, encontramos formas de facilitar a adaptação. Eu acompanhava o ritmo em que eles absorviam o conhecimento, incentivava e demonstrava o quanto positivo era essa nova possibilidade, que foi implementada aos poucos.

Dessa experiência tirei uma lição importante: igualando a oportunidade de chegar ao conhecimento, convivendo com as diferenças entre as pessoas, notamos que somos parte de um organismo em que a contribuição de cada indivíduo faz com que todos tenham sucesso de fato.

Para os radicalistas com bandeiras para proibir, restringir e eliminar o que é diferente na internet, digo que no mundo sempre vão existir coisas boas e ruins, e é o equilíbrio entre elas que faz com que ele gire. O conselho que minha mãe me dava, quando criança, para não aceitar bala de estranhos serve em qualquer ocasião. A internet não deve restringir conteúdo, nós é que devemos escolher o que buscar nela, e ensinar nossos filhos a escolher também. Lembro que conhecer o que é ruim não é prejudicial, foi pesquisando o comportamento de vírus e bactérias que os cientistas chegaram a vacinas e erradicaram certas doenças.

Em minha opinião as empresas que querem inovação e agilidade devem disponibilizar acesso à internet aos seus colaboradores, claro cercando-se de segurança, pois assim como novas informações entram, informações sigilosas podem sair.

Assim como o crachá de acesso se popularizou nas empresas para a segurança patrimonial, a segurança de informação também deve ganhar atenção. E não deve se restringir à internet, já que celulares são dispositivos eletrônicos que cabem no bolso e guardam dados, gravam voz, fotografam e filmam, e estão chegando mais inovações tecnológicas por aí, que em pouco tempo se tornam populares e acessíveis.

Devemos pensar “fora da caixa”, olhar para fora, ver além, sair da zona de conforto, entender as mudanças, entender como usá-las a nosso favor e proteger as informações sigilosas da empresa de forma efetiva.

Nenhum executivo consegue lidar com tantas variáveis, nem estará totalmente preparado para elas, se não for buscar em seu time idéias inovadoras. Tenho certeza de que ele descobrirá que não quer um time que pense de forma homogênea. Ele vai agradecer por ter que gerenciar conflitos, por ter nesse time diferenças, pois cada um que colocar a cabeça para “fora da caixa” vai olhar em uma direção. E ele estará exercendo seu papel de líder, que nada mais é do que convergir todo esse potencial do seu time para as metas e estratégias da empresa.

Ideias Inovações Oportunidades Novidades

Pensar “fora da caixa” transcende barreiras de preconceitos e limitações pessoais, com isso surgem oportunidades, novidades, idéias e inovações, em outras palavras, todos lucram com isso.

Todo processo de negócio é sustentado basicamente por pessoas: pessoas que o fazem, pessoas que compram, pessoas que se relacionam. Portanto, será bem sucedido se mais pessoas que atuam nele pensam “fora da caixa”.

Não me entenda mal, as atividades do processo devem ser padronizadas, pois dessa maneira o conhecimento sobre ele e o ganho tecnológico são preservados. Eu disse atividades devem ser padronizadas e não pessoas. A melhoria contínua, que é o grau de maturidade mais alto que um processo atinge, somente é alcançada quando as pessoas, que atuam no processo, ganham uma visão diferente do que acontece ao seu redor e entendem como suas atividades interagem com o macro-processo organizacional.

Por muito tempo as pessoas foram vistas como um recurso do processo, agora se percebe que qualquer ação no processo, mesmo que ele seja automatizado, começa e termina com pessoas, que detêm a chave para o seu sucesso.

O ditado popular há muito tempo diz que “em terra de cego quem tem um olho é rei”.

Um comentário :

  1. belo texto e belo blog que legal mesmo, minha primeira vez aqui mas virei mais vezes.

    arabços e sucesso

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